segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

UM RELÓGIO PERDIDO NO TEMPO

Imagino quantos segundos, minutos e horas, este relógio marcou nos compassos da vida de uma outra geração. Quantos olhos lhe direccionaram a vista para saberem as horas do dia ou da noite. Fico a imaginar onde estaria ele pendurado e se estaria vestido de um bom mogno ou uma simples madeira e emoldurá-lo, ou estaria assim apenas pendurado numa parede. O certo é que, do seu passado nada sei. Apenas lhe consigo contar os anos. À volta de 80 a 90 anos. Digamos que de há uns 30 para cá, ele se tenha perdido e atirado ao acaso, esquecido por entre outros objectos sem uso. Teve a sorte de vir parar em boas mãos. Estava terrivelmente mal tratado. A ferrugem era tanta, que lhe corroía a caixa feita em latão. O vidro teria-se partido. Estive a ver o seu coração. Dei-lhe corda e senti-o bater. Estava vivo. Mas era preciso passar por um bom processo de restauro. Duas semanas a este objecto dedicadas e hei-lo cheio de vida. Para concluir só lhe faltam os ponteiros que se perderam sabe-se lá onde. Ele quer voltar a ser útil, mas faltam-lhe os ponteiros. Onde será que eu lhe vou conseguir uns?










Duas semanas depois...






Foram precisas duas semanas para lhe encontrar os ponteiros. ei-lo aqui agora, com a seu coração de cobre a palpitar de felicidade. Tic-tac, tic-tac, tic-tac, depois de tantos anos abandonado, voltar a trabalhar e com uma excelente precisão na medição dos minutos, este foi um grande empenho da minha parte, muito bem justificado




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