QUEREM FAZER UMA CAMINHADA COMIGO?

Pernas apressadas, braços a balançar, cabeça levantada, tronco direito e lá vou eu numa caminhada diária feita logo pela matina. Dizem que faz bem ao corpo e à mente. Pois! Num percurso de quase 5 quilómetros, vou-me distraindo apreciando a paisagem e tudo o que a compõe, especialmente as pessoas, que no meu ver, se distinguem em vários estilos. O primeiro são os sonâmbulos, pessoas que àquela hora da manhã, ainda vêm a dormir pelo caminho. Os hiper-activos deslocam-se em passo apressado, mas em zigue-zague, não se sabe bem qual o lado que tomam, muitas das vezes esbarram connosco. Há os apressados que parecem querer correr, mas não o fazem, porque lhes tira aquele ar snobe e finalmente os curiosos que passam por nós a olharem-nos do cima a baixo e embatem contra um poste.



Os cheiros misturam-se numa amálgama de odores, ora das diferentes pessoas que cruzam comigo, acabadinhas de sair de um duche e banhadas em perfumes diversos, desde os agradáveis de sentir, até aos que me fazem tossir, ora os odores emanados dos escapes dos carros que não param de circular e tornam qualquer caminhada desmotivante de se praticar. Mas enfim! A caminhada lá vai tomando rédia na distância



Até que as ruas não são más de todo. Existem passadeiras, passeios, com algumas escadas e rampas ao lado. Não está mal, Podia ser pior!


Quando se sai sempre à mesma hora para fazer uma caminhada, acabamos por encontrar sempre as mesmas pessoas a cruzarem-se connosco sempre no mesmo sítio. Há uma senhora de proporções fortes que acompanha supostamente a sua filha à escola e aproveita também ela para exercitar as pernas e os pés, calçando uns ténis cor de rosa. Ficam-lhe bem!

Uma das coisas espectaculares neste percurso é a paisagem que às paginas tantas e depois de tantos passos dados, nos brinda com esta excelente vista.

Um dos lugares únicos, o Monte da Lua

E lá vou eu, agora a descer em direcção a uma rotunda, onde os carros não param de andar às voltas, tornando a atmosfera difícil de respirar.

Continuemos. Para trás já ficaram 3 quilómetros. Ainda faltam mais dois. Faz-se bem!




A poluição é que nos afecta os pulmões. O que fazer? Isto é um bosque de pedra.


Mais adiante entramos num túnel para sairmos numa outra rua. Aqui, e a propósito de encontrar sempre as mesmas pessoas no mesmo sítio e há mesma hora, conversam duas senhoras, funcionárias da câmara, que andam com dois carrinhos de mão a limpar as ruas. Uma em cima, outra em baixo, na rampa que desce em direcção ao túnel. Do que tanto têm que falar? Uma vez ouvi qualquer coisa de receitas culinárias! Pronto! Como estou sempre a caminhar, não posso escutar muita coisa. Depois, uma vai para um lado, outra vai para o outro e ali se despedem todos os dias nesse único encontro do dia.

Quase me esquecia de contar da minha passagem por uma casa que mais parece um pequeno palaciosinho e que bem restaurada dava um verdadeiro solar para viver lá os meus dias de velhice. Assim houvesse dinheiro e dito palaciosinho estivesse à venda! Mas não! Deixêmo-nos de ilusões e continuemos a caminhada.

Um palaciosinho no meio do nada
Estamos quase a terminar este percurso que quase no final me obriga a ir para a estrada. Porquê? Uma fila de gente à espera de um autocarro e que ocupa todo um passeio estreito, sem sequer haver uma paragem que as proteja da chuva, do frio ou até mesmo do sol em dias de calor. Uma paragem muito caricata e que passa despercebida devido aos carros ali estacionados que fazem com que as pessoas ao entrarem ou saírem do autocarro o façam na própria estrada e contornarem os veículos ali parados. São coisas bem feitas se é que me entendem o sarcasmo.

Uma paragem de autocarro muito pouco definida

E assim dou por finalizada esta minha caminhada. Obrigado pela companhia. Agora vou tomar um duche e preparar-me para mais um dia de trabalho.