O TAPA BURACOS

No passado dia 1 de Maio comemorou-se o dia do trabalhador. Poderia falar sobre muita coisa que está mal no mundo do trabalho, como a precariedade, sinónimo de estabilidade de um país que se diz ter uma taxa reduzida de desempregados sem olhar a meios nem a fins, contribuindo para uma escravidão camuflada, beneficiando os que têm cada vez mais. Mas é melhor deixar este assunto para os economistas e sociólogos pela sua complexidade. 
O que realmente me leva a escrever algo relativo a este dia dedicado ao trabalhador é apenas e somente focar a existência de uma figura supostamente existente em todas as empresas. É o chamado "Tapa Buracos", ou seja, aquele funcionário que não diz que não a nada e está sempre a ser chamado para fazer o serviço dos colegas que faltam ou o "Faz tudo".
A esta figura, eu faço um vénia. É uma figura merecedora de todo o respeito, ou deveria ser assim considerada, pois além do trabalho que lhe está destinado, ela executa outros trabalhos dos colegas que por motivos pessoais faltam às suas competências. Esta figura, tem de estar apta para exercer trabalhos de toda a ordem, inclusive os destinados a técnicos superiores. Mas quem ganha com a existência destas figuras no mundo laboral? Os patrões, claro está. Normalmente, o "Tapa Buracos" de uma empresa é sempre aquele funcionário que aufere um vencimento muito baixo e mesmo assim, ela contribui para que a empresa não pare de produzir. Está mal. Esta figura deveria ter um vencimento condigno e assim ser vista como um funcionário respeitável. No meu ponto de vista, o "Tapa Buracos" quando fosse solicitado para substituir a ausência de um colega, o vencimento do funcionário ausente deveria ser penalizado numa certa percentagem a favor de um acréscimo no vencimento auferido pelo "Tapa Buracos" e assim ser compensado pelo seu desempenho extra. A empresa não perdia nada com esta iniciativa e muito pelo contrário, levaria a que as ausências dos funcionários diminuíssem, pois ninguém gosta que lhe tirem o seu.