quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

A(s) (pu)PILA(s) DO SENHOR REITOR

Fotografia de J.C.



Vivemos num universo que pensamos conhecer, mas não o conhecemos de todo. Hábitos e rotinas fazem-nos levar para a frente o nosso dia-a-dia. De repente aparece um ruído, algo, que pela sua brutal aparição, nos destrói todo esse dia-a-dia a que nos habituamos, e aquilo em que acreditamos, em que nos apoiávamos espiritualmente e que sempre constituiu uma viga mestra na construção das nossas vidas, sofre uma autêntica explosão de sem sentido e absurdo, desmoronando em cima de nós, como se de um terramoto se tratasse. 
E aqueles que supostamente, deveriam estar à frente de todos os homens, e se dizem representar Deus na terra, aqueles a quem recorreríamos para um aconchego espiritual numa procura de paz para os nossos medos, são eles mesmo, os causadores deste terramoto. 
Não é uma, nem duas, mas milhares de vítimas, quiçá milhões, se tivermos em conta todo o planeta onde existam padres. 
Depois destes anos todos, só agora se está a destapar uma pequenina ponta do iceberg, sim, porque se as águas continuarem a descer, os casos a aparecerem serão horrivelmente tantos, que o clero se verá numa crise existencial que consequentemente poderá ser crucial para a continuação da igreja tal como a vemos hoje. A mudança de paradigmas será um dos caminhos a seguir. 
Recordo-me de ler “As Pupilas do Sr. Reitor” um romance escrito como só Júlio Dinis o sabia fazer, com aquele romantismo muito cor de rosa, em que a maldade, simplesmente não existe, mas que se ele fosse vivo e visse todo este imbróglio em que a igreja está metida, certamente o enredo da história seria outro e o título teria de ser repensado. La se ia o romantismo.

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